Fiquei curioso pra entender a relação com o socialismo soviético, a volta ao capitalismo, possíveis insatisfações com o “mercado”, nostalgias dos velhos tempos, essas coisas.
Essa pergunta foi feita por um amigo e visitante do blog.
E um casal de amigos respondeu: Se nós soubéssemos! Ah se nós soubéssemos….! Quando votamos pela escolha do capitalismo, nós não conhecíamos o capitalismo, não sabíamos o que era a vida no capitalismo. Apenas víamos filmes americanos, onde eram apareciam carros modernos, BMWs, belas casas e achávamos que a Eslovênia iria se modernizar, que todos teríamos uma vida melhor. Que teríamos mais opções de calças jeans para comprar. Nosso espelho era a Suécia. Fomos ingênuos! Não sabíamos o que estávamos escolhendo!
As principais reclamações que ouço dos eslovenos são:
. Os alugueis estão caros! – Antigamente os eslovenos construíam casas de 3 andares, hoje os filhos moram com os pais porque os alugueis são caros, em 2008 o país sofreu um lobby imobiliário e um apartamento em Liubliana de 30m quadrados passou a custar 80.000 euros!
. Corte de bolsas para mestrado e doutorado – O governo sempre pagou 50% da bolsa de doutorado para todos os estudantes, mas agora a lei mudou, 600 alunos terão 100% de bolsa desde que o projeto de estudo seja voltado para o desenvolvimento econômico ou social. Os alunos que pesquisam temas que não estão exatamente relacionados com o desenvolvimento social não terão mais direito a bolsa. Aqui o doutorado custa entre 2500 a 3000 euros por ano!
. Há agora mais desigualdade social – Os mesmo amigos também disseram que agora há mais pobres na Eslovênia, um número elevado de desemprego, mais desigualdade social.
. Privatizações e cortes no orçamento do governo com gastos sociais – O país mantém ainda distribuição gratuita de um grande número de medicamentos para aqueles que pagam o plano de saúde do governo. As faculdades também são gratuitas, mas 2005 o governo tinha a intenção de privatizar as universidades. Houve uma série de protestos na Eslovênia. A União Europeia também fez pressão sobre a Eslovênia dizendo que sistema de saúde deles eram “demasiadamente social”. Os eslovenos ainda tem muito dinheiro voltado às áreas sociais, mas as pessoas temem que aos poucos esses direitos sejam reduzidos.
Conheço uma senhora de 88 anos que lê todos os dias uma revista sobre política feita para jovens chamada MLADINA (mlad = jovem). Toda vez que a visito, ela sempre conversa sobre política. Parece nervosa, fica irritada, não entende o desemprego pelo qual seu neto passou, não entende as políticas neoliberais do ex-primeiro ministro. Ela não só não entende, mas também não aceita, diz que quer voltar no tempo!