Conto esloveno: A Passarinha, a raposa e o cão

Uma passarinha estava botando ovos no ninho que tinha feito na moita. A raposa a viu e pensou “Uau, isto será um bom café-da-manhã”.
A passarinha deixou o ninho por um algum tempo, quando retornou encontrou a raposa na moita e esta lhe disse:
_ Bom dia comadre! Como você está bonita e como canta bonito!  Teus ovos que estão nos ninhos  abriram o meu apetite. Quero comê-los.

A passarinha ouviu, deu risada e disse:
_ Ah, ah, isso não é inteligente! Você vai comer estes ovos? Espere meus ovos chocarem e meus filhotes engordarem e quando estiverem gordos então você virá e comerá eles e eu.
A passarinha combinou com a raposa que assobiaria quando fosse a hora de ela retornar.

Passado um tempo a passarinha encontrou um cão caçador e contou a ele toda a história. Pediu que a defendesse e em troca ela lhe faria um cozido de raposa.
_  Ai, que sorte! Vamos combinar o seguinte passarinha? Quando a raposa vier eu irei me esconder na outra moita e você pedirá a raposa que ela lhe permita cantar uma última canção. Sente no galho e cante. Este será o sinal para que eu venha e “nhac”, devore a raposa.

Após um tempo, a raposa ouviu o assobio, ficou feliz e pensou: “Agora vou comer o suficiente”.
Ela foi até a passarinha e disse-lhe:
_ Ei, aqui estou!
A passarinha respondeu:
_ Vou te dar o que prometi, apenas te peço que me permitas cantar uma última canção.
A raposa falou:
_ Vamos, canta logo.
A passarinha sentou no galho e começou a cantar.  Então o cão deu um salto, mas não conseguiu agarrar a raposa. A raposa fugiu, entrou em um buraco e o cão ficou do lado de fora esperando ela sair.

No esconderijo, a raposa começou a falar consigo. Disse para as suas pernas:
_ Minhas queridas pernas, vocês me sustentam bem!
As pernas responderam:
_ Muito bem. E que bonito corremos, quase voamos para que o cão não nos capturassem.
_ Bom, bom, muito obrigada, vocês são valiosas.  E minhas orelhas, como estão vocês?
_ Estamos muito bem. Não fomos fiéis ao ouvir aquele maldito cão tão perto?
_ Sim, muito bem, vocês têm honra. E meus lindos olhos, como estão vocês?
_ Nós vimos o quanto antes um buraco.
_ Isso foi bonito. E meu orgulhoso rabo? Como você está?
O rabo respondeu:
_ Estou muito mal.  Sou o seu leme e você me trata mal. Você me arrasta para os arbustos e espinhos. Não ficaria nada triste se o cão me agarra-se.
A raposa falou:
_ Hã, hã, você não é eu amigo.  Todos me foram fiéis, você foi o único infiel. De agora em diante não ficará mais comigo aqui no esconderijo. Vá para fora, você não é meu amigo.
E a raposa colocou  o rabo para fora do buraco.

Então o cão agarrou o rabo, puxou a raposa do buraco e para compensar seu esforço,  despedaçou-a inteira.

Fonte: Slovenske Pravljice –  Editora Mladisnka Knjiga,  1965