As pessoas da Eslovênia são tranquilas e pensam antes de cometer algo errado como os canadenses?
Esta pergunta foi feita por uma visitante do blog.
Insensatez? Lembro na hora de Toquinho e Vinicius.
A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor
O seu amor
Um amor tão delicado…
Sua pergunta me fez lembrar um dialogo que tive com um taxista em Recife. Ele estava 30 minutos atrasado e eu precisava ir para o aeroporto. Reclamei sobre o atraso e ele respondeu com um sorriso descontraído “você só pode ser paulista, não é?”. “Sim, sou paulista” respondi e ele continuou “Sabe como eu sei? Paulista sempre reclama de atraso, tem sempre muita pressa”.
Então todo mineiro come quieto? Todo paulista é estressado? Todo baiano tem vida mansa? Com a crise na União Europeia, muitos economistas querem nos fazer crer que todo o grego é preguiçoso.
Você me pergunta se os eslovenos são sensatos ou impulsivos? Outras leitoras me perguntaram como é o homem esloveno. Não posso responder a tais perguntas. Justifico minha negativa com o vídeo abaixo.
Como já escrevi no post Como é o homem esloveno, na minha experiência, percebi que os eslovenos são muito mais cautelosos em expor seus pensamentos e sentimentos. Entretanto, uma coisa é ter cautela perante pessoas que você não tem intimidade, a outra é supor como ele reagiria na vida privada.
Conheci vários eslovenos casados com mulheres latinas. Em jantares com estes, entre taças de vinho e boas risadas, os maridos eslovenos fizeram piadas dizendo que suas ex-namoradas eslovenas quando bravas, ficavam caladas e emburradas durante horas. Já as latinas quando bravas, gesticulavam e falavam pelos cotovelos. Eu te pergunto cara leitora, baseado nesta comparação eu poderia chamar as latinas de impulsivas e as eslovenas de sensatas? Não! Não podemos falar se um comportamento é certo ou errado sem falar de cultura.
Repito o que disse Chimamanda Adichie “Os estereótipos falam algo sobre um povo, mas não falam tudo”.
Finalizo o post com um dos meus poemas prediletos.
“Não me agradam esses homens bem fracionados no tempo, cedendo-se amavelmente em todas as ocasiões.
E mais também não me agradam os partidários tão vários de toda a moderação.
Passo distante dessa gente comedida e moderada, que guarda o vinho 20 anos para bebê-lo mais velho, homens de ferro que só sabem anunciar a mensagem da espera, que aguardam o momento oportuno, que sempre expelindo relógios, resistem à melhor viagem, que desconhecem as emoções, que sabem apenas sofrer sincronizados as tristezas publicadas nos jornais.
Adeus, moderados. Adeus, que sou diferente.
Compreendo a mulher que rasga as vestes e sinto imensa ternura pelo homem desesperado.”
– Lupe Cotrim, foi uma poetisa e tradutora brasileira, professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Que belo e e emocionante post!
Li inteiro sem piscar!
Beijos!
Obrigada Maria.
Muito obrigada pelas informações e sinto muito por não responder tais perguntas, por serem talvez, aparentemente impossíveis e não são absolutos… Mas agradeço muito você, Juliana por ser sincera e te compreendo…. Valeu…
Concordo plenamente. Os estereotipos ja eram, sao assimilados pelo convivio e educacao. Agora, gente e tudo igual, conviver a rotina e que e dificil. Aquela saudadezinha que fica corroendo. O brasil e mui caliente e e bom. Minha filha morou nos states e se adaptou bem, mas a saudade…